Hidrocefalia na velhice

A Hidrocefalia de pressão normal (HPN) é uma síndrome neurológica que acontece principalmente em idosos. O acúmulo crônico de líquido encefalorraquidiano comprime o cérebro e prejudica o desempenho de suas funções.

O líquido enfefalorraquidiano, também chamado de liquor, é um fluido que circula pelos espaços intracranianos e irriga o encéfalo e a medula espinhal, localizados no sistema nervoso central. Sua principal tarefa é proteger o córtex cerebral e a medula espinhal contra impactos externos.

Depois de circular por todo o sistema nervoso central, o liquor é reabsorvido pela corrente sanguínea. O perfeito equilíbrio entre os níveis de produção e de reabsorção faz com que haja uma troca completa do fluido de 3 a 4 vezes por dia. Qualquer alteração no fluxo normal desse líquido provocada pelo descompasso entre produção e drenagem ou por uma obstrução que impeça sua circulação, pode desencadear a hidrocefalia.

Diferente da hidrocefalia “comum”, na HPN a pressão intracraniana permanece normal. No entanto, ocorre a dilação dos ventrículos cerebrais devido ao acúmulo do liquor. O paciente vai aos poucos manifestando dificuldades para caminhar, incontinência urinária e deficiência na memória e/ou das funções cognitivas.

A ausência de sintomas que são comuns em outras faixas etárias, como vômito, dores de cabeça, sonolência, irritabilidade e visão turva, dificultam o diagnóstico precoce.

Diagnóstico

TAP TEST

O exame consiste na punção lombar para retirada do excesso de líquido encefalorraquidiano que circula pelo sistema nervoso central. Antes e logo após a punção lombar, é avaliado o desempenho da marcha/equilíbrio do paciente e é feito um exame neuropsicológico, medindo-se as capacidades de memória e atenção. Se houver melhora dos sintomas após a punção, há grandes chances do paciente apresentar HPN.

Após 3 horas, as cavidades ventriculares enchem de novo com o liquor e os sintomas voltam a se manifestar.

Tomografias do crânio e ressonância magnética do encéfalo também auxiliam no diagnóstico. Estes exames disponibilizam imagens ampliadas do cérebro, permitindo a observação do aumento dos ventrículos cerebrais e dos danos causados pela retenção de líquido.

Tratamento

É possível alterar a dinâmica de circulação do liquor no sistema nervoso central através de uma cirurgia. A qualidade de vida do paciente pós-cirurgia vai depender do momento em que o diagnóstico for realizado.

Se for realizado até dois anos antes da manifestação dos sintomas, o paciente terá grandes chances de voltar à sua rotina normal.

Caso o contrário, o grau de melhora pode ser menor.